Pipocas do Soró, um estouro de sucesso após a formalização de toda a sua equipe

Toda vez que conta a história da família, Emerson Rodrigues, o Sorozinho, de 33 anos, se emociona: “Lembro de um tempo que vinha trabalhar para o meu pai e na hora de voltar pra casa ainda precisava pedir ajuda nas ruas por que o dinheiro não dava nem para o transporte”. Filho de “seu” Deraldo, o velho Soró, um dos mais conhecidos pipoqueiros de Ilhéus, no sul da Bahia, Sorozinho agora se orgulha de toda a trajetória que percorreram.

Ele, o pai e mais seis familiares – entre irmãos, esposas e filhos – trabalham com pipoca e atendem desde o público das ruas de Ilhéus até ao exigente paladar de um dos mais luxuosos hotéis do Brasil: o Transamérica, na Ilha de Comandatuba. A chave do sucesso? A resposta está na ponta da língua: entrar para a formalidade. “Os oito são formalizados como empreendedor individual e participam das atividades que são sempre promovidas pelo Sebrae”, afirma Sorozinho.

De acordo com cálculos de Sorozinho, cerca de 9.600 sacos de pipoca são comercializados por mês. “A vida melhorou muito. Valeu não ter desacreditado e ter investido no negócio”, revela. O velho carrinho de Pipoca do pai Soró, que durante 35 anos manteve um ponto na porta de uma escola pública, se multiplicou. Agora são oito. As atividades também aumentaram. Além da tradicional pipoca salgada em pontos comerciais da cidade, o negócio se expandiu para festas particulares e ampliou o leque de produtos oferecidos. Além da pipoca, o grupo produz algodão doce, cachorro quente, crepe suíço, maçã do amor e picolé. Mas a pipoca continua sendo o carro-chefe do negócio.

Capacitações - Gestora do Ponto de Atedimento do Sebrae de Ilhéus, Irineia Barreto revela que além da formalização, a entidade oferece cursos e oficinas de capacitação, situações que terminam por estimular o investimento pessoal. Um dos cursos mais procurados é o Programa de Alimento Seguro (PAS) e tem o objetivo de reduzir os riscos dos alimentos a população. “Hoje é muito comum, além do atendimento ao público externo, estes Empreendedores Individuais atuarem no atendimento a empresas, já que podem emitir nota fiscal do serviço prestado”, explica Irineia.

Sorozinho e equipe trabalham nas ruas de Ilhéus e em eventos de toda a região respeitando as normas da Vigilância Sanitária. O grupo tem uniforme personalizado e mantêm os carrinhos limpos a cada “panelada” de pipoca estourada. Ele também criou uma marca própria: “Pipoca do Soró”. Até o saquinho é personalizado. Um carro próprio distribui a equipe e material todos os dias nos locais mais movimentados de Ilhéus. Três deles já têm carro e casa próprios. Uma das irmãs, prestes a casar, já sonha com o início da obra da nova morada. “Hoje temos orgulho da nossa persistência”, assegura Sorozinho.

A cada dez Empreendedores Individuais registrados na Bahia, cerca de quatro estão no eixo Ilhéus-Itabuna, no sul do Estado. Juntos, os dois municípios têm 7.784 EIs, com destaque para atuação em três importantes atividades comerciais: alimentação, vestuário e salão de beleza. “A vocação turística de Ilhéus – com 3.685 formalizações – e a força de um dos maiores polos comerciais do estado, em Itabuna, – com 4.099 formalizações – estimulam cada vez mais o investimento nestes setores”, destaca o gerente regional do Sebrae, Renato Peixoto, responsável pela atuação da entidade nos dois principais municípios da região.

Formalização - Os trabalhadores por conta própria que desejarem se legalizar devem estar com carteira de identidade, CPF, comprovante de residência e o número do recibo de Declaração do Imposto de Renda Pessoa Física (DIRPF), que tenha sido feita, pelo menos, nos últimos dois anos. Caso o empreendedor não tenha declarado nesse período, será solicitado o Título de Eleitor.

O registro é gratuito e pode ser feito através do Portal do Empreendedor (
www.portaldoempreendedor.gov.br). Para se manter na categoria, os formalizados pagam uma taxa fixa mensal de 5% sobre o salário mínimo para a Previdência Social, que atualmente é de R$ 31,10, mais R$ 1 de Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), se atuar na indústria ou comércio, ou R$ 5 de Imposto sobre Circulação de Serviços de Qualquer Natureza (ISS), se for da área de serviços. Além disso, o faturamento não deve ultrapassar o limite anual de R$ 60 mil.